quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Introdução aos Estudos da Linguagem

ORLANDI, Eni P. LAGAZZI-RODRIGUES, Suzy (Org.) O texto nos estudos da linguagem: especificidades e limites. In: Introdução às ciências da linguagem: Discurso e Textualidade. São Paulo: Pontes, 2006. p.  33-75.
ECO, Umberto. O Leitor-Modelo. In Lector in Fabula: A cooperação interpretativa nos textos narrativos. São Paulo: Editora Perspectiva, 2008. p. 35-49.

Breve Síntese das Obras

 “O texto nos Estudos da Linguagem: Especificidades e Limites” de Freda Indursky salienta as diferentes formas teóricas para compreensão de textos e também se propõe em acabar com o senso comum com relação ao conceito de texto colocando-o sob observação, fazendo assim uma reflexão sobre a categoria texto e não apenas texto empírico.
Já o texto de Umberto Eco, “O Leitor-Modelo”, afirma que todo texto precisa da participação de seu destinatário por dois motivos: para estar em constante atualização fazendo a correlação entre expressão e código e também por estar repleto de espaços em branco, não-ditos, que devem ser preenchidos.

Principais Teses Desenvolvidas nas Obras

O primeiro texto do estudado foi o de Freda Indursky, mostra em seu inicio a colocação do texto como uma categoria teórica e que dependendo da concepção teórica de compreensão textual há novas interpretações também para os textos; depois é feita uma “viagem” pelo tempo em busca de um possível momento em que a noção de “texto” começou a ser formulada, desde a antiguidade clássica até os últimos estudiosos do sistema lingüístico. No decorrer da leitura foram analisados quatro filtros teóricos diferentes, para compreensão de um determinado “texto”, são eles:

- Lingüística Textual; a principio estudava o texto como uma seqüência coerente de frases, o texto era apenas uma extensão de frases, depois de um tempo os estudos começaram a se ampliar e buscaram o entendimento do texto não apenas pelas frases, mas sim pelo texto descrito por ele mesmo. (o texto pelo texto). A nova etapa do desenvolvimento da lingüística textual foi a junção dos processamentos do texto. Ou seja: buscar fazer associações que viessem dar maior discernimento com relação ao processo de compreensão e significação textual. Este modo de examinar o texto permite concebê-lo como um todo, onde as partes do todo (frases coerentes e junção das frases)  se relacionam entre si, criando assim um tipo de linguagem transfrástica.

-Teoria da Enunciação; esse filtro mostra a equivalência entre o enunciado como um texto, e afasta-se da limitação teórica de tratar a linguagem como um sistema, fechado, que considera apenas as relações internas, pelo contrario, a teoria da enunciação passa a considerar alguns aspectos que não pertencem diretamente ao sistema de linguagem. Há essa relação com o locutor com sua posição situacional que avalia o tempo de sua enunciação e o espaço da enunciação (Aqui e Agora), dessa forma a teoria da enunciação permite ultrapassar limites internos em um texto.

-Teoria Semiótica; que vê a língua como um sistema de signos  e trabalha o texto como objeto na semiótica greimasiana (narrativa) e a analise do discurso de linha francesa (o texto em relação ao discurso). A semiótica não se limita em textos lingüísticos o que interessa examinar nessa teoria é o funcionamento textual de significação. A posição do sujeito na semiótica é de instancia virtual.
O próprio sujeito é o operador de suas informações de acordo com sua competência enciclopédica.

-Analise do Discurso; em que o  texto não esta enclausurado no sistema lingüístico, mas se relaciona com o contexto histórico. Portanto vai contra a teoria da semiótica, pois acredita que o conhecimento pode vim de fontes externas ao texto. Vincula-se língua e cultura, não separando assim o texto do contexto.

Após descrever quatro tipos de analises de compreensão de texto e leitura, a autora faz suas considerações finais dizendo que foi imparcial com relação a qual filtro teórico é melhor ou pior para se analisar um texto. A idéia principal é acabar com esse senso comum citado no começo do texto.

O segundo texto estudado “O Leitor-Modelo” do Umberto Eco, se limita em analisar apenas textos não-ditos, e também enfoca que qualquer tipo de texto necessita de participação do destinatário por dois motivos, são eles:

1º Motivo: Para que haja a constante atualização do processo de comunicação e atualização dos textos fazendo a conexão entre expressão e código.

2º Motivo: Por possuir espaços a serem preenchidos nesse universo de “não-dito”. Existe um motivo pelo qual o autor também deixou o espaço em branco para ser preenchido, são dois:
Pelo falo de que um texto é um “mecanismo preguiçoso”. Em segundo lugar dar a livre interpretação para cada leitor, “ Todo texto quer que alguém o ajude a funcionar”

Por todo texto demandar a participação de seu destinatário, quando o autor produz um texto, faz uma hipótese sobre como este será lido, que caminhos o leitor deve percorrer, faz uma previsão de como será esse leitor, denominado leitor-modelo. Ele deve se mover no nível da interpretação da mesma forma que o autor o fez no nível generativo, para tanto, estratégias são tomadas. Muitas vezes,pelo contrario, há erros de previsão, motivados por análises infundadas ou preconceitos culturais. Porem, Eco ressalta que não se trata de esperar que o leitor-modelo exista, mas trabalhar o texto de forma a construí-lo de forma que se chegue onde o autor queria.
É uma troca mutua.

Outra abordagem é de que os textos podem ser classificados em abertos ou fechados dependendo da forma como as estratégias foram trabalhadas. Os últimos cerceiam o leitor, dão pouco espaço a ele (restritos). Nos primeiros, mesmo que o Leitor-Modelo faça inúmeras interpretações possíveis, uma ecoa a outra, de modo que se reforcem mutuamente.

O Autor e o Leitor-Modelo, ambos são tipos de estratégia textual segundo Eco. Mas o autor-modelo dependendo de traços textuais, que põe em jogo o universo do que esta atrás do texto e é visto como hipótese interpretativa.


Escola de Frankfurt - Fichamento Adorno


O texto de Theodor Adorno é uma critica ao que se chama de “industria cultural”, termo criado em meados do século XX com a intenção de substituir o antigo termo usado pela Escola Americana que era de “cultura de massa”. A diferença entre os termos é que na cultura de massa, o surgimento da cultura, é apartir das própria massa espontâneamente, relacionada diretamente a uma “arte popular”. Já o termo industria cultural é a união entre o que era considerado arte inferior (espontânea) com a serenidade da arte superior, criando algo mediano para atingir todas as pessoa, porém ambas saem perdendo nessa união.
A industria cultural tinha como objetivo a industrialização do espirito, transformando-o em apenas um espirito consumista (o qual servia para retroalimentar o próprio sistema capitalista) apartir da arte. A arte, por sua vez, era transformada em produto voltado para o consumo, perdendo assim toda sua autonomia.
A crítica que se faz  com relação a essa banalização da arte pela industria cultural, é a pseudo-individualização do produto, que aparenta estar em constante mudança mas, ao contrário disso, esconde uma estrutura que pouco muda, que é a motivação pelo lucro.
Outro problema observado por Adorno é a questão da racionalização das técnicas de distribuição que não se refere apenas ao processo de produção, mas sim na alienação causada em todos sentidos. A alienação criticada por Marx dos processos de produção, estão presentes também nos produtos que se apresentão como individuais.
            As técnica da industria cultural não diz respeito apenas ao modo de produção como nas artes, mas sim a distribuição e a reprodução mecânica.
            Dessa forma, a indústria cultural se preoculpou em criar ideologias ligadas integralmente aos produtos gerando assim esse espirito consumista e através dessa ideologia a consciência dos homens foi substituida pelo conformismo como  adverte Adorno:

“ As elucubrações da indústria cultural não são nem regras para uma vida feliz nem uma nova arte da responsabilidade moral, mas exortações a conformar-se naquilo atrás do qual estão os interesses poderosos” ( p. 293)

Bibliografia:           

ADORNO, Theodor. A indústria cultural. In: COHN, Gabriel (Org). Comunicação e indústria cultural. 4. ed. São Paulo: Nacional, 1978. p. 287-295.

Teorias Democraticas


 Inicio da pesquisa sobre Rousseau....foi muito interessante essa Resenha...

"O filósofo, músico compositor e teórico político, Jean Jacques Rousseau nasceu em Genebra na Suíça em 1712 e no decorrer de sua vida se tornou um grande nome do iluminismo francês. Foi um grande influente da Revolução Francesa, a qual ele foi considerado o patrono. Deixou um legado também teórico que serviu de inspiração para movimentos como marxismo e anarquismo, quando ele defende em suas teorias a liberdade e a igualdade entre os homens perante as leis, criadas por eles próprios.
Rousseau ingressou no pensamento filosófico e critico a partir de um concurso da Academia de Dijon que fazia a seguinte questão aos participantes “O restabelecimento das ciências e das artes terá favorecido o aprimoramento dos costumes?" Ele descreveu em seu diário que ao ler essa pergunta, chegou a desmaiar e depois se posicionou com uma visão negativa e critica sobre o possível “progresso” da sociedade, indo contra o pensamento da época. Com a sua dissertação ele ganhou o concurso e suas idéias se espalharam por Paris, depois disso começou a ser chamado a participar de diversos encontros com a elite, os quais e ele não gostava desses ambientes...."

“O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto aventura e pode alcançar. O que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui.” (ROUSSEAU, 1978, p. 36)

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Voltando a Antropofagia

A seguir, uma lista de palavras indígenas, sua escrita e seus significados:

- Abacaxi - Ibá-cachi: fruta cheirosa, rescendente.
- Anhangabaú - anhangaba-ú: o bebedouro das diabruras, rio de águas maléficas.
- Bauru - ybá-urú: o cesto de frutas.
- Boipeba - mboy-peba: a cobra que se achata quando acuada.
- Buriti - mbiriti: árvore que destila líquido, palmeira.
- Caboclo - cabôco, caá-boc: procedente do mato.
- Cambuci - cambu-chi: pote, vaso d'água.
- Canga - o osso, caroço, núcleo, seco, enxuto.
- Catapora - tatá-pora: o fogo interno, febre eruptiva, erupção.
- Gambá - gua-mbá: a barriga oca.
- Jericoaquara - yurucuã-quara: buraco ou refúgio das tartarugas.
- Pipoca - py-poca: grão de milho que se arrebenta em flor por efeito da torra.
- Toró - tog-r-ó: coberta espessa, casca grossa.

Palavras Tupinambá usada para nomear lugar, serras e rios


-Paraiba                 “Rio Ruim”
-Sergipe                 “Rio dos siris”
-Paranapanema      “Mau agoro
-Piraju                   “Peixe Amarelo”
-Tijuco Preto         “Caminho de entrada”
-Butantã                “chão dura”
-Piracicaba            “Lugar onde chegam os peixes”
-Ubatuba               “lugar onde há muita cana para flechas”

Palavras em Tupinambá usadas para nomear animais e plantas

-Aves : Jacu, urubu, seriema
-Insetos : saúva, pium
-Peixes : baiacu, traira, piaba, parati, lambari, piranha
-Répteis : jararaca, sucuri, jabuti, jacaré, jibóia
-Outros animais : Tamanduá, capivara, jacaré, sagüi, jabuti, quati, paca, cutia, siri, tatu, arara
-Frutas : abacaxi, cajá, mangaba, jenipapo, maracujá
-Árvores : copaíba, embaúba, jacarandá, jatobá

Prato : Museu da Língua Portuguesa

Cartazes

Graças a disciplina Oficina de Design, me interessei pela produção de artes visuais digitais
Dessa forma, através das ferramentas Adobe Photoshop e Adobe Illustrator, produzi alguns cartazes para o Diretório Academico da Fafich, do qual faço parte da Gestão Gentileza e também um Cartaz do Festival Cultural Girassóis, que foi realizado pelo D.A. Fafich e D.A. Bio

Nesse link está meu portifólio dos meus trabalhos de Artes Visuais.
http://www.flickr.com/photos/praticamenti/

Oficina de Som e Sentido

Na oficina de som e sentido, Gilberto mostrou como o som traz sentido
e remete a algum sentido em nossas vidas.
De acordo com as possiveis interações que cada pessoa teve durante sua vida
(Pensando agora, isso esta totalmente relacionado com o Interacionismo Simbólico)


Nessa oficina de som e sentido, tivemos que produzir algumas coisas
-2 programas de rádio
-1 vinheta
-1 Spot
[infelizmente não consegui postar aqui tanto os programas quanto a vinheta e o spot]

Deixou também uma bagagem técnica...
Como conhecimentos básicos em edição de áudio com o programa Sound Forge

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Oficinas de Narrativas Audiovisuais

Competência Enciclopédica vasta de diversos filmes (Filmes do possivel inicio do Cinema)
De que maneira as técnicas podem aumentar as possibilidades (Video Clip)
A poética de Aristóteles
Estudo sobre narrativas (Elementos estruturais segundo Vladimir Propp)
Enquadramento e técnicas de filmagens (Trabalho de Plano Sequencia, Enquadramento, etc)
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[Paralelamente a oficina de narrativa Audiovisual]

Seminários do projeto Novos Formatos para Redes Móveis e Mídias Digitais realizado pelo LABmídia
  •  Nossas Imagens: autoria, mediação e circulação de imagens amadoras nas redes sociotécnicas (08/04/10)
  • DUROLO: Modo de Usar (13/05/10)
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Voltando ao final da disciplina, o trabalho final de uma produção de uma narrativa audiovisual.
Video produzido por : José Guilherme Cury, Gabriel Zaidan, Bruna Brandão

Com a produção do video , colocamos na prática as técnicas de filmagem que aprendemos
e também, para finalizar o processo, tivemos que editar o video usando o Labmidia o que deixou alguns conhecimentos sobre edição de imagem não-linear usando a ferramenta Adobe Premiere, bem como operação de câmeras e produção de roteiro

Link do video - Canalização

Oficina de Design em Comunicação

Essa Oficina, permitiu observar a importância dos elementos visuais como um todo, observando toda a composição das imagens

No inicio tivemos um trabalho que era de fazer uma campanha publicitária de uma empresa aerea.
Nesse trabalho, aprendemos a participar de todos os processos básicos de uma campanha publicitária, desde a pesquisa até a produção da arte visual.


Outro trabalho foi de criar uma composição de cores
pra que remetece a algo que conversasse com o tema, 
que era música [Coisa nº 5 - Moacir Santos]
Trabalho da Oficina

domingo, 28 de novembro de 2010

Antropofagia determina o estilo da gente.


A antropofagia ritual unia os contrários pelo sacrifício, numa operação que supunha a incorporação do cativo como uma alteridade.
 
O filme "Como era gostoso o meu francês" se presta à reflexão das relações com a diferença e à constituição de uma alteridade que se funda na própria operação cinematográfica. A obra é fabulada a partir de dois relatos históricos – a dominação francesa da Bahia de Guanabara em meados do século XVI e o relato do alemão Hans Staden, que sobreviveu ao cativeiro dos índios Tupinambá e pôde narrar seus costumes, divulgados amplamente na Europa. Realizado no início dos anos 1970, esse filme se filia ao Tropicalismo, movimento cultural que assume, de forma mais explícita, a antropofagia cultural como conceito operador estético.

Prato : Fábrica do Futuro
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Vitor Pirralho e U.N.I.D.A.D.E.

O Vitor Lucas Dias Barbosa é professor de literatura brasileira e língua portuguesa, em sua atividade diária entrou em contato com a Antropofagia oswaldiana e encontrou no discurso do Manifesto a inspiração para suas músicas. A partir daí entra em cena o Vitor Pirralho, rapper que assume o princípio da devoração crítica da cultura inimiga, para assim aprimorar a sua própria cultura.

Pirralho faz Rap, não no sentido restrito da palavra, ele faz Rap sem preconceitos. Sua música se utiliza de batidas eletrônicas que remetem ao estilo americano, no entanto, não se limita a isso, incorpora elementos regionais, africanos e jamaicanos. Seus temas são variados, mas com coerência, vão do social ao regional, do lingüístico ao paisagístico, do cultural ao desbunde. Uma verdadeira miscelânea rítmica e temática com sotaque alagoano. 



Programa Rumos da Musica...Vitor Pirralho

http://www.youtube.com/watch?v=as7IHYXraoA     (Parte 1)
http://www.youtube.com/watch?v=jK6EEG0aJpc     (Parte 2)
http://www.youtube.com/watch?v=xQcXTS6zIoc     (Parte 3)
http://www.youtube.com/watch?v=AG165ZqKdJU  (Parte 4)

Prato : Youtube

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Manifesto Antropofágico

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos
o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaigne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos.

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.

Só podemos atender ao mundo orecular.

Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.

Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vítima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

O instinto Caraíba.

Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.

Catiti Catiti

Imara Notiá

Notiá Imara

Ipeju*

A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.

Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia.

Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.

Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.

Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: - É mentira muitas vezes repetida.

Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.

As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.

De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.

O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?

Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.

A alegria é a prova dos nove.

No matriarcado de Pindorama.

Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.

Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.

A alegria é a prova dos nove.

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura - ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo - a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, - o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: - Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud - a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.


OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo
Sardinha." (Revista de Antropofagia,
Ano 1, No. 1, maio de 1928.)

* "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em
Fulano lembranças de mim", in
O Selvagem, de Couto Magalhães
Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido da morte do mesmo bispo, devorado por índios antropófagos.

domingo, 21 de novembro de 2010

Diariamente

Antropofagia 

Um pouco de tudo que vivi, pode estar aqui, mas nunca a essência.

Faz um ano e meio já que a mineirisse vem tomando conta de mim.
De pouco em pouco vem o sotaque (sô trem uai), mas o que realmente o que me interessa é  a epstemologia (a metafísica, a lógica e o empirismo) que a universidade proporciona.

O pensamento, a duvida, a reflexão, a analise critica, a prática, as oficinas, as teorias, os trabalhos,
a história, a semiótica, as culturas, o contato, o sentido de proximidade, a comunicação, os compromissos,
o D.A., o slack line, a capoeira, a natureza, a não-mente, a meditação, o silêncio e a música...

Os dias se tecem assim, formando assim o transpessoal (além do ego).
O segredo ta na construção dos segundos, que fazem os sentidos.
Aqui e Agora...

 A experiência pessoal esta amarrada, a experiência academica.
Afinal elas fazem parte do mesmo processo, (de)formação do eu.

E pode saber, que as pessoas que você encontra, conhece, troca.
Elas sempre tem algum conhecimento a compartilhar.
"Afinal, todo processo comunicativo é dinâmico. Todos estão ativos. É ciclico, não linear."

"Falar é falar-se" (Já dizia Angie, que deglutiu o pensamento da Kristeva, e me passou um prato feito)

Estudar comunicação é praticamente estar em um banquete diario de novas idéias.
Estudando um pouco de tudo pra completar alguns espaços.
Psicologia,
Filosofia,
Sociologia,
Antropologia,
Antropofagia,
Administração,
Economia,
Turismo,
Teatro,
Música.

Tem de tudo um pouco no meu dia...

sábado, 20 de novembro de 2010

Documentário - O Povo Brasileiro.

Após um manifesto de inquietação inicial
Trago um cardápio com uma ótima dica de um prato para o final de semana.

Ótima maneira de entender essa loucura que é ser um pouco de tudo.

O Povo Brasileiro, documentário com 10 programas que mostra a formação etno cultural do Brasil
Mostrando a matrizes e as misturas nacionais.

Vou indicar aqui, um pedaço do primeiro (Matriz Tupi)...ai depois depende do tamanho da fome de cada um.

O Povo Brasileiro (Matriz Tupi)

Hasta la vista.